quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Borboletas mutantes são encontradas após acidente nuclear de Fukushima



Um grupo de cientistas informou nesta terça-feira (14/08) que encontrou anormalidades em três gerações de borboletas coletadas nas proximidades da central nuclear de Fukushima Daiichi. A usina foi danificada após o terremoto e tsunami ocorridos ano passado.
Cerca de 12% de larvas de borboleta da espécie pseudozizeeria maha, que foram expostas à radiação nuclear imediatamente após o desastre, em março de 2011, apresentaram anormalidades, como olhos defeituosos e asas menores do que o normal, afirmaram os cientistas.
Borboletas são consideradas “indicadores ambientais", disse Joji Otaki, professor da Universidade do Ryukyus, em Okinawa, e líder do grupo de pesquisa. Os resultados revelados aumentam o receio de que a radiação liberada em Fukushima possa afetar seres humanos no futuro.
Otaki afirma que a alta porcentagem de anomalias nas borboletas pode ser resultado tanto da exposição externa à radiação no ar, quanto de uma exposição interna, através de alimentos contaminados, por exemplo.
Os testes foram realizados em laboratórios no sul da ilha de Okinawa, 1.750 quilômetros a sudoeste da usina de Fukushima e uma das regiões menos afetadas pela radiação."Nós concluímos que nuclídeos radioativos artificiais da usina causaram danos fisiológicos e genéticos a esta espécie", afirmaram os cientistas no artigo publicado no Scientific Reports, periódico de pesquisa online dos editores da Nature.
Anomalias em três gerações
Para a pesquisa, a equipe coletou 144 borboletas em meados de maio de 2011, dois meses após o acidente nuclear. Anomalias foram encontradas em 12,4% do total. O número de borboletas que apresentava anomalias subiu para 18,3% na segunda geração.
Na terceira geração desta espécie, gerada pelo acasalamento entre borboletas anormais e saudáveis, 33,5% apresentaram anomalias.
Os cientistas haviam coletado mais 238 borboletas da espécie pseudozizeeria maha em setembro de 2011, seis meses após o desastre, e encontraram anormalidades em 28,1% do total. Nestas, as anomalias são malformações de pernas e antenas, bem como aberrações no padrão de cor das asas.
                               Este é um exemplar saudável da espécie coletada pelos pesquisadores japoneses. Crédito: larepubblica.it
A prole dessas borboletas registrou 52% de anormalidades, o que Otaki acredita ser "uma relação predominantemente alta”.
                                                    Na imagem, uma das borboletas mutantes
A equipe realizou testes de comparação, expondo borboletas normais a baixos níveis de radiação. Os resultados mostram taxas similares de anormalidade, e a conclusão é que a radiação liberada pela usina danificou os genes das borboletas.
Mas Otaki alerta que ainda é muito cedo para dizer se a radiação tem os mesmos efeitos em outras espécies, como os humanos. Ele acrescentou que a equipe irá realizar estudos semelhantes com outros animais.
Mônica P. L.
Fonte : (http://www.dw.de/dw/article/0,,16166357,00.html?maca=bra-uol-all-1387-xml-uol)


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